quarta-feira, setembro 29, 2004

DUAS PALAVRAS MÁGICAS

Para muitos é difícil pronunciar as palavras "Não sei.", mesmo quando elas se mostram como a melhor alternativa para a situação. É preciso sabedoria para dizê-las com serenidade e naturalidade. Como driblar o ego e se desnudar, mostrando-se ignorante? Vem aquele interior questionamento: "O que vão pensar de mim se eu não souber essa resposta?" Vamos observar algumas distintas situações.

No ambiente de trabalho: "Comigo as coisas são no grau: não tem nada que eu não saiba um pouco", pensa o sabichão. "Com que cara vou dizer ao chefe que não sei? Qual é? Se ele veio perguntar para mim é porque eu tenho condições de responder. Não vou queimar o meu filme".

E quando o caso envolve vínculos afetivos de primeiro grau? "O quê? Falar para o meu amor que não sei o que está me perguntando? Como fica o meu moral? Sou referência no pedaço". Tem ainda a situação daquela pessoa cuja filha querida lhe formula uma pergunta fora do seu campo de conhecimento: "Tenho que preservar a minha imagem de sabichão: afinal de contas, para ela eu sou o máximo, sou infalível".

Imagine o desconforto daquele indivíduo quando o amigo que lhe chama de "guru" lhe perguntar algo, trazendo, ainda, outro amigo dele, como testemunha, para presenciar uma demonstração da vasta erudição. Certamente, antes de emendar a pergunta, como sempre faz, ele dirá, eufórico e orgulhoso: "Quer ver? Ele nunca me deixou sem resposta: sabe tudo!". Qual a reação do "Enciclopédia" se não souber a resposta nesse caso?

Em entrevista para emprego, fazendo parte da banca examinadora, vi candidato que, para não dar o braço a torcer diante de uma pergunta que desconhece, franze a testa, diminui o ângulo de visão e fala de forma pausada, verbalizando abobrinhas que nada têm a ver com a formulação feita. Perdeu, então, qualquer chance de ser escolhido, ao ferir um elementar princípio ético: o da integridade.

Há muitas outras formas de alguém ser inconveniente, como aqueles que, na ânsia de honrarem o seu bordão "Sou curto e grosso", pecam pela grosseria, acrescentando outras palavras à frase-padrão "Não sei": "Não quero saber e tenho raiva de quem sabe".

De que forma se deve analisar o caso em que a pessoa se acostuma a ser "criativa" na hora de responder categoricamente sobre o que não sabe, como se exibisse pleno domínio sobre o assunto? Ela faz essa dissimulação com tanta competência, freqüência e naturalidade, que a máscara acaba colando em sua face para sempre: "convence-se", então, que realmente "sabe" tudo. Nesse caso a fantasia tomou posse da mente, passando, então, a acreditar que é a realidade.

Como se pode constatar, o repertório pode ser bem diferenciado: todos esses atores julgam imprescindível reagir e se comportar como o fizeram. Espera-se, entretanto, uma postura óbvia nessas situações, a mesma exigida daquele que está atuando como professor ou palestrante, ou seja, quando se desconhece o teor da resposta, deve-se dizer simplesmente: "Não sei. Vou pesquisar sobre o assunto e, tão logo tenha uma resposta, direi a você". Pode-se, também, trilhar um prudente caminho alternativo e dizer, quando for o caso: "Não tenho certeza: se fosse para arriscar, eu diria que a resposta é ...".

Tudo seria bem mais produtivo nas relações interpessoais se todos tivessem o compromisso da transparência. Quer situação mais natural do que não saber a resposta de algumas das perguntas que lhe são formuladas? Elas podem perfeitamente não pertencer ao seu campo de atuação ou de interesse. Mesmo pertencendo, você tem o direito de desconhecê-las.

Ainda há muito o que se estudar sobre o comportamento humano: o que exercitei aqui foi apenas levantar algumas hipóteses. Se me fosse perguntado, de forma categórica, exigindo fundamentação: "Por que as pessoas assumem essa postura inconseqüente com tanta freqüência?", a minha resposta poderia ser sintetizada em duas palavras: "Não sei".

L.A.C.

CÓDIGO ÉTICO DO ALUNO/TREINANDO

São conselhos aparentemente óbvios: não custa lembrar que, por conta de obviedades e de aspectos implícitos não verbalizados, muitas vezes acontecem sérios ruídos no processo de comunicação, causando inimizades, ineficiência e, no mínimo, sérios conflitos.

Compareça a todas as aulas e atividades: pode ocorrer que, justamente naquela que você faltar, sejam repassados conceitos e mensagens fundamentais para o seu crescimento pessoal e o seu direcionamento profissional .

Respeite os horários de início e fim das atividades: muitos querem sair no horário de encerramento, mas não se preocupam em chegar em sala no horário de início do evento. Somente saia da sala durante a realização do evento por motivos absolutamente indispensáveis/justificáveis.

Desligue o celular, ou, se estiver aguardando alguma ligação muito importante (principalmente envolvendo questões de saúde de familiares), mantenha-o no "vibracall" (silencioso): se ele tocar, saia rapidamente da sala para atendê-lo. Alguns participantes caras de pau seguem todo o script do mal-educado, pois deixam o celular ligado, que toca várias vezes durante a atividade: nesses momentos eles atendem às chamadas com naturalidade e mantêm a conversa em sala, o que é extremamente desrespeitoso.

Participe ativamente das aulas, tendo "foco", estando inteiro na sala. Controle a autodispersão: se qualquer ruído ou evento o distrai, descubra mecanismos de se fazer efetivamente presente em sala, com a atenção centrada no evento. Faça anotações constantes, o que exigirá bastante concentração, além de lhe permitir ter, a todo momento, um vínculo com o assunto que está sendo tratado.

Não mantenha conversas paralelas: esclareça em sala suas dúvidas, diretamente com o facilitador/professor. Assim, em vez de provocar dispersão na sala ao comentar algo com o seu colega ao lado (e distraí-lo, também), exponha a sua dúvida ou idéia para o facilitador, que estenderá o seu questionamento para o grupo todo. Na maioria das vezes elas são dúvidas também dos outros participantes que, por vergonha, não fazem perguntas e permanecem na dúvida. Não existe pergunta cretina: no máximo ocorre uma resposta cretina.

Faça uma coisa de cada vez: durante a aula ou treinamento não é o momento adequado para ficar lendo ou folheando um livro, apostila, ou fazendo um exercício de outra disciplina. Alguns alunos parecem passar por um processo de carência: fazem algo inadequado só para chamar a atenção: demonstram ficar felizes/satisfeitos ao serem repreendidos

Ajude a enriquecer o conteúdo do que está sendo tratado em sala, ilustrando o seu depoimento com exemplos (pessoais ou de pessoas conhecidas, ou ainda com base em leituras feitas).

Não deixe para estudar apenas na véspera das provas ou horas antes da sua realização: além de ter poucas possibilidades de ter algum efeito prático, você corre o risco de embaralhar conceitos. Não falte principalmente às aulas que antecedem a realização da prova.

Mantenha acesa a chama da inquietação e da curiosidade em sala: peça detalhes, exemplos, desdobramentos. Estabeleça analogias, explore possibilidades e potencialidades. Enxergue cada questão sob todos os ângulos possíveis, colocando-se no lugar dos diferentes personagens: são variadas formas de se estabelecer um amplo leque de alternativas, com maior isenção e profundidade, devendo aumentar significativamente a qualidade do seu processo de tomada de decisão.

Faça o seu marketing pessoal, mostrando suas habilidades e virtudes. Lembre-se que a sala de aula é um ótimo local para enriquecer a sua rede de relacionamentos: se você se destacar, através de uma equilibrada conduta (ao exibir inteligência, senso crítico, criatividade, capacidade de trabalhar em equipe e postura empreendedora), poderá ser objeto de indicações para estágios, empregos.

L.A.C.

terça-feira, setembro 28, 2004

INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

Em 1865 foram necessários treze dias para a Europa saber que Abraham Lincoln havia sido assassinado. Hoje em dia uma oscilação forte na Bolsa de Valores de um País leva algum segundos para levar seu efeito devastador a todas as Bolsas do mundo. Atualmente uma edição do jornal New York Times contém mais informação do que uma pessoa comum poderia receber durante toda a vida na Inglaterra do século XVII (Ansiedade de Informação, Richard Wurman).

Dizem que na Idade Média aquele que tivesse lido dez livros era considerado erudito. Se possuísse duas dezenas de exemplares tinha uma biblioteca particular respeitável. A Biblioteca da Alexandria, a maior do mundo à época, possuía seiscentos mil documentos. Hoje em dia na Internet, com cerca de sete bilhões de sites, ingressam milhares de novos usuários a cada minuto.

Hoje em dia as pessoas podem ter muitos livros em sua casa, mas se conversar com elas, descobrirá que leram pouquíssimos. Desses, em alguns a leitura se perdeu nos primeiros capítulos. Compram-se livros pelos mais diversos motivos: por ser best-seller, por ser o livro ou o autor da moda, por ser o roteiro de algum filme, novela ou mini-série, ou por ser do tipo auto-ajuda, sem contar todos os livros ganhos (nem sempre do agrado do presenteado). Compra-se também para formar uma bela biblioteca e impressionar quem visita a sua casa, como efeito decorativo (preencher os espaços vagos nas estantes).

Há uma distância infinita entre Informação (disponível e bombardeada a todo segundo pela mídia através de telejornais, sites, diferentes meios de comunicação) e Conhecimento (o que é incorporado ao seu repertório e que sobra depois que você realizou todos os filtros seletivos).

Tudo é pressa e correria atualmente: é comum ficar estressado e até deprimido por tanta coisa que se quer ler, ver e fazer, sabendo que não vai ter tempo de realizar nem um milionésimo do que se pretendia. Tudo envelhece a uma velocidade espantosa: teorias, padrões, conceitos, ferramentas, heróis, modelos, palavras, gírias, ideologias, tecnologias.

Nos próximos anos, a cada 90 dias dobrará a quantidade de informação disponível no mundo: se por algum tempo alguém ficar em coma, ou isolado, por algum tempo, sem acesso à mídia, certamente, quando retomar à informação, estará defasado do contexto mundial.

A psicanalista Anna Verônica Mautner (Revista Superinteressante) nos fala sobre a importância de se respeitar limites: Ler e aprender sempre foi tido como algo bom ,algo que deveríamos fazer cada vez mais. Não sabíamos que haveria um limite para isso. Está acontecendo com a informação o que já aconteceu com o hábito alimentar: em vez de ficarmos bem nutridos, estamos ficando obesos de informação.

É uma avalanche de informação que dificulta sobremaneira o processo de priorização e de seletividade de cada um: são caixas postais entupidas de e-mails, são revistas e livros que você guarda com a pretensão de ler um dia e se frustra porque sabe que não conseguirá fazê-lo. O grande desafio não é acumular mais conhecimento: cada um deveria aprender como fazer para colocar o que sabe (e com as descobertas) num contexto que tenha sentido prático. Aí, quem sabe, reduz-se o stress, abrindo espaço para os resultados.

L.A.C.

segunda-feira, setembro 27, 2004

ESTÍMULOS

O que merece ser feito merece ser muito bem feito
Não faça nada com má vontade, de qualquer jeito, com preguiça, com indiferença: em tudo o que você fizer estará registrada a sua identidade, a sua assinatura. Prepare-se como se sempre alguém fosse lhe perguntar: "Isto é o melhor que você pode fazer?". E o seu amor-próprio, a sua auto-estima elevada é que irão fornecer os ingredientes para as respostas.

Esteja inteiro em tudo o que você fizer
Vale para aluno que faz um curso com má vontade, ou para um empregado relapso, incidindo em várias das situações seguintes: falta muito, chega tarde, sai mais cedo. Que comparece à atividade, mas não presta atenção, não faz anotações, conversa muito, dedica-se a outras coisas que não prioritárias naquele exato momento.

Cuidado com a cumplicidade negativa
Namorar com uma pessoa apenas por conveniência: "eu não gosto muito dela, mas vou levando, porque não sou muito cobrado". Trabalhar numa empresa que paga mal, mas tem liberdade de horário. Ter um chefe que não lhe estimula, mas também não é muito exigente.

"Não me deixe só comigo"
Tem gente que não suporta a idéia de ficar cinco minutos em recolhimento: tem medo das conseqüências dos pensamentos que aflorarem e que estes se voltem contra a sua postura, o seu modo de ser. Por isso procura manter a mente sempre ocupada: ao entrar no carro liga o som, ao chegar à sala de espera de consultório, pega uma revista: se não tiver nenhuma que propicie uma leitura leve, acabam lendo as de assuntos científicos (vale tudo para não ficar sem fazer nada e ser obrigada a pensar em si). Outras, quando chegam em casa, seguem um ritual com poucas variações, entrando em cena o seu lado multifuncional: acendem a luz, ligam o som, inicializam o micro, ligam a tevê, pegam um jornal ou revista, colocam alguma coisa no micro-ondas: quanto mais a mente ficar ocupada, melhor.

Atenção para as incompetências localizadas
Muitos têm muitas virtudes e habilidades, mas não se dão conta e, mesmo quando têm consciência da gravidade dessa limitação, nada fazem para melhorá-la e isso acaba limitando significativamente a sua competência, interferindo na qualidade da sua imagem. Essa incompetência localizada pode ser um pavio curto demais (explode por qualquer coisa), uma frieza nos relacionamentos, uma dificuldade em aceitar a limitação alheia, um egocentrismo exagerado. Correrá sempre o risco de ser avaliada assim: "Ela é tão maravilhosa nesses aspectos, mas, em contrapartida, é insuportável em ...".

Cumpra todas as etapas de um processo
O que você começar, provure ir até o fim: cerca de 90% das pessoas que desistem de seu intento o fazem quando estão muito próximas do êxito: seja um alpinista, um maratonista, etc.

Tudo o que não consta como restrição nas regras é permitido
Percebo muito em jogos e dinâmicas de grupo que os participantes criam uma série de barreiras e restrições que os impedem de terminar a atividade e que não foram, em nenhum momento, levantadas pelo Facilitador: existem apenas na mente desses participantes.

Dê asas à sua imaginação.
Normalmente temos uma linha de pensamento convencional, ortodoxa. Se tiver que pecar, que o faça por excesso: é melhor de vez em quando pedir desculpas por uma ou outra ousadia mal-sucedida e ser capaz de grandes resultados do que sempre ter um sorriso amarelo de quem nunca é repreendido porque sempre está com o freio de mão puxado e só faz o óbvio.

Consumismo exacerbado
As pessoas consomem quase todo o tempo contraindo dívidas: é só terem um aumento de salário que anseiam por uma nova versão do produto, o que as obriga a trabalhar mais para honrar os novos compromissos e não saem desse emaranhado. Os seres, nesse triste caso, se transformam em teres: as pessoas passam a ser medidas e avaliadas, de forma cruel, pelo que têm e não pelo que são.

Não se deslumbre com o poder nem se abata com os insucessos
Às vezes ficamos envaidecidos e convencidos com algum êxito alcançado e extrapolamos os limites racionais. Em outros casos nos abalamos em excesso com algo que nos acontece ou que atinge pessoas queridas e perguntamos: "Por que isso?" "Por que agora?" Nas duas situações devemos nos lembrar que tudo tem sua razão de ser, e que, se tivermos suficiente discernimento e paciência, elas se resolverão, pois dizem ninguém é provado além de suas forças. É sempre bem-vinda uma certa dose de comedimento, pois tudo isso também passará.

L.A.C.

sexta-feira, setembro 24, 2004

O MUNDO DOS PARADIGMAS

O que é, final, um paradigma? Pode ser entendido como um conjunto de regras que estabelecem um modelo de comportamento aceito por uma pessoa, ou por uma comunidade com interesses e crenças afins, de acordo com suas convicções e o seu jeito de pensar e de ser. Pode ser válido só para ela, para todo esse grupo de pessoas, para uma seita, um grupo étnico, para um país, ou mesmo por quase todo o mundo.

O que vale como verdade para mim pode não ser para você. O que é indiscutível hoje pode se tornar banal amanhã: basta que eu reformule meus conceitos. O Paradigma é fundamentado no mapa mental de cada um, que é formado com base na herança genética (aspectos físicos e psíquicos), nível intelectual, meio social em que vive, nível cultural, faixa etária, crenças religiosas. Exemplos de paradigmas: "Homem não chora", "Todo político é corrupto", "O trabalho enobrece o homem", "Os mais velhos são mais sábios".

Um paradigma pode ser criado por mim, pode ter sido estabelecido por alguém em quem confio, ou alguém que nem conheço e, nestes casos, endossado por minha pessoa. Pode ser um dogma, pode ser decorrente da educação que recebi. Cada pessoa seleciona os paradigmas que são verdade para si, e estes vão definir o seu modo de ser, o seu estilo de vida, tornando-se, assim, o cartão de visitas de cada um.

A mudança de Paradigmas implica em reformulação de premissas que, consequentemente, podem alterar de forma significativa todo o rumo que a pessoa dará à sua vida.

Quanto tempo dura um paradigma? Pode durar um dia, meses, séculos: o mais apropriado é dizer que ele dura até ser revogado ou substituído por outro paradigma que seja mais apropriado ou verdadeiro.

Tem gente que se orgulha de ser sempre do mesmo jeito, com os mesmos gostos, o mesmo vestuário, mesmo corte de cabelo, como se agindo assim fosse uma demonstração de equilíbrio e de personalidade definida. Para esses casos, para reflexão, cabe aqui recordar o que disse Mohammed Ali, ex-campeão mundial de boxe: "Se aos cinqüenta anos você pensa igual aos vinte, perdeu trinta anos de sua vida". As nossas mudanças nos nossos costumes atestam nossa evolução e nossa flexibilidade interior diante do novo.

Qual a importância dos Paradigmas? Em princípio, numa visão radical, eles existem para serem quebrados. Boa parte do que determina se um ser é vencedor ou perdedor está fundamentada nos modelos paradigmáticos que ele adota em sua vida.
Quando eles são cerceadores, mantendo-nos na zona da inércia, impõem-nos limites a respeito de competências, de habilidades, de iniciativas, de possibilidades. Se ousados, transformadores, alçam-nos a novos vôos, fazendo-nos crer que muito podemos, fugindo do lugar-comum.

Um exemplo de adoção de Paradigmas divergentes: são célebres os embates filosóficos entre Parmênides e Heráclito, por volta do Século V A.C., na Grécia. O primeiro fundamentava, certa vez, que as coisas no universo tendiam à harmonia, através da busca da coesão, do equilíbrio, sendo, então, questionado por Heráclito, que afirmou, de forma contundente, que a única constante no mundo era a mudança.

Os Paradigmas estabelecem limites, sendo uma fronteira entre o permitido e o proibido. Muitas vezes são limitadores: por acreditar neles deixa-se de incorporar novos hábitos, não se reformula o modo de ser. Gabriel, o Pensador, tem uma frase interessante: "Seja sempre você, mas não seja sempre o mesmo". É preciso você estar receptivo às mudanças, sempre que necessário, mudar, todos os dias, muito, sempre, para poder ser você o tempo todo.

Não se deve desenvolver nenhum trabalho envolvendo a cultura organizacional, não se deve pensar em estudos do clima organizacional em uma instituição, e nem é viável se implementar os seus respectivos processos de mudança sem se considerar os Paradigmas vigentes e sem se discutir formas de utilizá-los, ou, conforme o caso, de processar mudanças para que sejam repensados e redefinidos.

Mesmo que a metodologia seja vitoriosa, mesmo que as ferramentas sejam interessantes, ninguém pode se dar o luxo de se preocupar apenas com os processos operacionais, com a logística: certamente o cuidado com os Paradigmas fará a diferença na hora da implantação de inovações na empresa.

L.A.C

quinta-feira, setembro 23, 2004

DESAFIOS OU LENDAS

Atualmente, muitos dos alunos universitários mostram-se imaturos e despreparados, inseridos que estão no mundo do banalizado, querendo tudo mastigado, num flagrante exercício da Lei do Menor Esforço: provas/avaliações fáceis, arquivos disponibilizados, textos traduzidos, cópias de capítulos de livro e de artigos técnicos, pouco rigor no controle de freqüência e generoso abono de faltas pelos mais fúteis motivos.

Esse contingente citado não quer estudar: só tirar nota boa. Não gosta de prestar atenção nas aulas, adorando embarcar num empreendimento Helmann´s: viaja na maionese com muita facilidade. Nem sempre está preocupado em aprender: está mais de olho no certificado, no diploma. Acostumado a ser pouco cobrado e instigado, exibe baixa criatividade, pouca postura crítica: repete modelos conhecidos, ficando ao nível da mediocridade.

Muitos dos pais desses alunos, por sua vez, na ânsia de proteger a cria, têm (mesmo que de forma inconsciente) a expectativa de que o Professor seja de tudo um pouco: psicólogo, amigo, conselheiro e mestre. Que o Professor obtenha com os alunos, em termos de educação, postura e respeito, o que eles, pais, não conseguiram, em termos de resultados, nesses anos todos de vida comum.

A propósito, qual o perfil do aluno de hoje? Sem dúvida alguma, na sua maioria, é multifuncional, virtual, plugado: vara parte da noite navegando e, por isso, muitas vezes chega dormindo nas aulas pela manhã. Pode saber sobre o mundo da tecnologia muito mais que o Professor e a Escola, juntos.

Pertence à geração do descartável: ele troca de interesses e prioridades com muita rapidez e facilidade, seja em temos de ídolos, vontades, hobbies. Não consegue prestar muita atenção a uma coisa só, por muito tempo. Desconhece o lúdico das brincadeiras simples: se o poder aquisitivo permite, em seu mundo é tudo high-tech.

O que dizer das instituições? Via de regra são feitos poucos investimentos nos Professores, em termos pedagógicos (metodologias, troca de experiências, ferramentas, tendências, multidisplinaridade). Nessa realidade, para conseguir resultados satisfatórios o Professor conta com seu afilado instinto e sua aguçada percepção. Complementa o seu aprendizado bancando o autodesenvolvimento.

A escola, entretanto, espera que o Professor consiga resultados satisfatórios, exibindo competência, desprendimento e boa vontade para trabalhar com a diversidade, em termos de perfis de aluno:
- o que sabe muito;
- o que muito pouco sabe (muitos desconhecem regras elementares de gramática);
- o que nem quer saber;
- o que é portador de deficiência (visual, auditiva, neurológica, etc.);
- o que tem vasta experiência e conhecimento;
- o que não sabe que curso quer;
- o que tem certeza que não quer o curso em que está matriculado;
- o que é muito imaturo ainda (até há pouco tempo era muito comum o aluno ingressar no curso superior , com dezesseis ou dezessete anos, através de liminar).

Muitas vezes os recursos disponíveis para o Professor são o giz, o quadro e a saliva (sem nos esquecermos que giz causa alergia e suja muito). Em certos casos a tecnologia disponível está num nível razoável de evolução, mas em quantidade insatisfatória. Quando a quantidade é satisfatória, acaba sendo subutilizada.

Nobres a missão e a responsabilidade do Professor: está em sala para compartilhar aprendizagens, resolver problemas, orientar carreiras, buscando caminhos e possibilidades para aqueles alunos que pouco sabem sobre o seu futuro (muitas vezes, por imaturidade), estimulando-os a resgatarem / construírem a confiança em si mesmos, para que possam produzir segundo suas vontades e potencialidades e se tornarem aquilo que podem ser.

L. A.C.

quarta-feira, setembro 22, 2004

MANIFESTO DO ÓBVIO ULULANTE

Encho-me de orgulho de quem um dia teve vontade de fazer um curso: colhe informações, escolhe aquele que é o melhor para o seu momento, inscreve-se no processo seletivo. Sendo aceito, se matricula e comparece em todos os dias letivos (faltas só mesmo no momentos imponderáveis).

Respeita os horários de início de atividade, de volta dos intervalos e de fim das aulas, não se esquecendo das leituras e pesquisas após cada aula. Executa com ardor todas as atividades solicitadas, colocando sua energia em tudo o que vê, faz, lê, ouve, observa, processa, compartilha. Ao executá-las o faz por inteiro: promove anotações, formula perguntas, estimula reflexões, consola, fornece respostas, questiona, ouve, fala, discorda, concorda.

Ilumina, ensina, aprende, acende a chama dos outros. Difunde informação, esclarece dúvidas, aceita o ombro e, assim, se torna diferente, um pouco melhor do que quando iniciou o novo desafio. Que se transporta para outras realidades, que constrói outras possibilidades, que aceita outras verdades. Cada momento é uma nova oportunidade de reflexão e de aprendizado, em que, dar o melhor de si, é o rico ponto de partida de tudo.

Não há como não me encher de orgulho daquele que foge do "mais ou menos" e se nega a se contentar com "metades": meia verdade, meia dúvida, meio sem graça, meio confuso, meia vontade, meia certeza. Como se fosse possível meia virgindade, meio amor, meia gravidez, meia lucidez, meio aprendizado.

Não há limites para descobertas, confirmações, discordâncias, questionamentos, certezas, nem para a vontade de correr dos chavões, das maldades, das omissões, das cumplicidades negativas, das solidariedades nocivas. Nada de fugas, de soberba, de arrogância, de cinismo, de prepotência.

Que cuida de si para evitar a autocondescendência excessiva e a autocrítica rigorosa. Que não se curva à contundência grosseira, ao sentido de inferioridade plena, à certeza da sapiência absoluta.

Que torna pleno o espaço do amor, da lucidez, da ética, da solidariedade. Que torna rica a gana de ser e de saber um pouco mais, de jogar fora o excesso, de reciclar o velho, de sonhar com o puro, de buscar o novo, de renascer a cada momento.

São sempre bem-vindos o teórico que permite o espaço da prática, o prático que não despreza a teoria, o experiente que sempre se redescobre como a primeira vez. O novato que discretamente transpira experiência, o questionador que aceita outras verdades diferentes da sua, o tímido que conquista os ambientes, o humilde que muito sabe e em tudo confia.

Você, que é um pouco assim como a pessoa descrita acima, é muito mais importante do que ousa imaginar. Obrigado por estar entre nós e por ser fonte de reflexão, de vontade e de ensinamento para aqueles que o cercam. Que continue neste propósito de perseverar na grandeza e na beleza de iluminar a todos.

L.A.C.

RELEVÂNCIAS

Dizem que uma problema só aparece em nossa vida quando reunimos todos os ingredientes para resolvê-lo: diante de aflições que permeiam seu pensamento, tenha serenidade, pois com certeza a solução está próxima e, o mais importante, está dentro de você. Picasso dizia: "As coisas são fáceis, ou são impossíveis".

Reserve, soberano, o espaço de Deus em seu ser: ele não prova ninguém além de suas forças. O que é mais comum acontecer é nós não entendermos muito bem , de início, os Seus propósitos.

As pessoas que cruzam o nosso caminho têm sempre algo a nos ensinar: depende dos nossos olhos e do nosso coração para conseguirmos exercitar, com competência, o espaço do aprendizado. Umas só nos enriquecem com o seu jeito maravilhoso de ser e de pensar. Aquelas outras, que atrapalham o nosso caminho, devem ser, também, respeitadas e compreendidas, pois aqui estão para ensinarem algo a nós, nem que seja via caminhos tortuosos. Elas não têm consciência de que estão ensinando algo: cabe-lhe descobrir o que está aprendendo. Os ensinamentos se manifestam de diferentes formas: quem sabe não é a hora de você aprender a ter mais paciência, a ser mais solidário, mais humilde, mais humano, mais perseverante, mais bondoso?

Agradeça sempre a Deus por ser essa pessoa abençoada, inteligente, com singulares dons e predicados, procurando, sempre, retribuir o quanto nos brindou com sua presença e seus exemplos, adotando posturas pacíficas e fraternas, integradoras e sensíveis.

Faça a sua parte, sempre: procure se depurar a cada dia. Cuide-se muito bem, tanto da alma quanto do corpo. Dê o melhor tratamento à sua carcaça, o melhor tratamento que estiver à sua disposição: é nela que você irá passar o resto dos seus dias, que, espero, sejam muitos e felizes.

Conheça-se cada vez mais e curta bastante as autodescobertas, os progressos. Seja a sua melhor versão em todos os momentos. Esmere-se nessa empreitada, tendo consciência que a sua conduta no dia-a-dia é o seu mais interessante cartão de visitas. A cada conquista, a cada evolução ("Eu era tímido", "Eut inha dificuldades para me expressar", "Eu não tenho muita paciência"), corra até o seu programa-fonte e atualize a sua auto-versão, com conceitos melhorados, frutos da sua evolução: com isso você sempre terá pretextos e motivos para manter elevada a sua auto-estima.

Compartilhe com o maior número possível de pessoas as boas-novas em sua vida: isso poderá dar um novo sopro à vida das pessoas que lhe querem bem. Tem muita gente que só sabe compartilhar os problemas: assim que os resolvem, assim que melhoram de vida, esquecem-se de todos aqueles que se preocupavam com ela quando a maré não estava muito boa. Bastar-se e não apresentar problemas para os outros já é uma grande evolução, mas não é suficiente: é preciso compartilhar as descobertas e os novos ensinamentos.

Não se esqueça nunca de que você é referência para um número infindável de pessoas: muitos não se dão conta o quanto influenciam a vida de outras pessoas, muitas delas desconhecidas: nós não sabemos quem são, mas elas, anonimamente nos admiram, não importa por que motivo ou característica: o sorriso, o jeito de ser, o jeito de andar, a inteligência, o porte, a beleza, o instinto solidário, a simpatia, o sorriso.

Esteja sempre pronto a responder de forma afirmativa e assertiva à seguinte indagação: "Eu faria falta se não existisse?". Vou ajudá-lo nessa resposta: claro que você faria muita falta. Pare de olhar apenas para o umbigo e veja o quanto você empresta significado à vida das pessoas, principlamente as que estão à sua volta.

Lembre-se: Deus não desperdiça as criaturas. Gente foi feita para brilhar intensamente. Mantenha, pois, sua alma aquecida, continuadamente. E justifique cada dia mais o alto investimento divino que é mantê-lo vivo, lúcido, inteiro e cheio de amor. Esteja pronto para as buscas, as trocas, os investimentos, os aprendizados, os resultados: é o mínimo que pode fazer por você mesmo e por todos aqueles que não se cansam de amá-lo e que se sentem felizes por tê-lo por perto.

L.A.C.

sábado, setembro 18, 2004

ONDE DEUS QUER QUE VOCÊ ESTEJA AGORA?

Adaptação livre de Lourival Antonio Cristofoletti, com base em texto anônimo

Na próxima vez em que parecer que se levantou com o pé esquerdo, que seus filhos estão demorando para se vestir, que não se lembrar onde deixou as chaves do carro, que pegar todos os sinais fechados no caminho do trabalho, não fique triste, não se irrite, não se sinta frustrado: agradeça a Deus, porque Ele está cuidando de você.

Como você deve saber, muitas dos que se salvaram no ataque de 11 de setembro às torres do World Trade Center, passaram por algum contratempo no início da manhã daquele fatídico dia, que as desviou do seu propósito inicial de chegar a tempo no ambiente de trabalho.

Situações como a do gerente de uma empresa que se atrasou porque aquele era o primeiro dia em que seu filho foi ao jardim da infância. Um outro estava vivo porque precisou passar na farmácia: estava com forte indisposição.

Uma mulher se atrasou porque o despertador não funcionou. Outra porque ficou presa num congestionamento causado por um acidente de trânsito.

Um outro havia perdido o ônibus. Uma mulher teve que trocar de roupa na hora que estava saindo de casa porque derramou café em seu vestido. Alguém estava abatido porque demorou muito para encontrar um táxi.

Muitas outras histórias semelhantes, pequenos detalhes, variados contratempos. Naquele início de manhã, todos esses personagens que se atrasaram, certamente se lamentaram por seus infortúnios: "Essas coisas só acontecem comigo."; "Sou azarado mesmo."; "Vou ser a única pessoa que vai se atrasar."; "Justo hoje que eu tinha aquela reunião tão importante?"; "Essa não: no meu primeiro dia de trabalho?".

Hoje, quando pego um congestionamento de trânsito, perco um elevador, atendo uma ligação no telefone fixo, no momento em que estou saindo para um compromisso importante, e em todas as demais situações em que sou surpreendido por algum contratempo, ou seja, se eu passo por uma daquelas pequenas coisas que antes me aborreciam muito, penso comigo: "Estou exatamente aonde Deus quer que eu esteja neste exato momento".

Reflita sobre tudo isso e prepare o seu espírito para não se deixar abater nos seus próximos aparentes momentos de infelicidade. As escritas em linhas tortas continuam valendo: que Deus continue a abençoar você em todos todos os seus pequenos aborrecimentos.

COLÓQUIO

Eu não vim até aqui para ensinar.
Não farei sermões, nem tampouco discursos.
Não tenho cacoetes para catequizar,
nem o propósito de doutrinar ninguém.

Não pretendo falar nada
que vocês já não saibam,
que já não esteja em vocês.
Como podem perceber,
não trago novidades.

Faço agora o convite
para comungarmos deste tempo
se quisermos disponibilizar
nossos dons e propósitos
para o bem-estar comum.

Temos todos os ingredientes
para fazer destes congraçamentos
eventos ímpares e
felizes celebrações.

Poderemos compartilhar vivências
e comungar pensamentos,
ficando sempre o dilema
sobre quem curtiu e quem aprendeu mais.

Fica o registro para que
façamos o que estiver
ao nosso alcance para tornarmos
estes momentos arrebatadores.

Para tão singelo propósito
conto com a efusiva e
calorosa participação
de todos vocês.

Que a nossa verdade nos ilumine,
que Deus nunca perca a esperança em nós
e continue nos iluminando
em todas as nossas ações e momentos.
com desmedida compaixão
e o Seu infinito amor.

L.A.C.

sexta-feira, setembro 17, 2004

PARE DE FALAR MAL DA ROTINA

Adaptação livre de Lourival A. Cristofoletti, com base em entrevista concedida por Elisa Lucinda

Está desanimado? Anda cansado do seu trabalho? Não consegue achar a menor graça em seu dia-a-dia? Pare de reclamar e de falar mal da rotina: com uma simples atitude a qualidade da sua vida pode se transformar. Você é o sujeito da sua rotina: se ela não é boa, é por pura incompetência sua.

Os dias devem ser tratados como protagonistas, não como coadjuvantes: a felicidade está pulverizada neles. Muitos se acostumam a colocar a culpa na rotina e até na vida pela própria falta de iniciativa. Além de a criticarmos, criamos cárceres e costumamos dar às coisas um peso maior do que realmente têm. Há uma boa notícia: nós mesmos somos os carcereiros.

Em Itaúnas avistei dois garis às oito horas da manhã. Após trabalharem a noite toda, recolhiam um monte de lixo. Um deles cantava e dançava forró com a vassoura enquanto carregava o entulho. O outro, com a cara amarrada, dizia: "Que saco!". A rotina era a mesma, mas o entulho de um deles pesava muito mais.

O sol nasce rotineiramente todos os dias: no entanto a cada despertar ele nos oferece um novo e maravilhoso espetáculo. As ações rotineiras podem, sim, dar prazer e gerar felicidade: o que nos falta é encarar cada dia como uma estréia, já que um dia nunca é igual ao outro. Quer coisa mais rotineira e mais prazerosa do que tomar banho?

As crianças sempre estréiam: em um restaurante elas vibram com uma pizza de calabresa, mesmo que tenham comido uma pizza igual na noite anterior. Inteligentes, elas sabem que não se trata da mesma pizza.

Gostaria de saber quem inventou o termo "cabelo ruim". Se alguém diz que o meu cabelo é ruim e que o seu é bom eu logo digo: "Seu cabelo é bom? Então quer dizer que aos sábados ele faz caridade?". O meu cabelo é muito bom: ele nunca me deixou na mão. Ruim é o cabelo ausente: aquele que cai e lhe deixa na mão quando você mais precisa.

Muito pior é a postura de quem que, além de não conseguir enxergar felicidade na rotina, fica zombando de quem a encontra. Minha empregada fica três horas dentro de um ônibus, para chegar até a minha casa. Outro dia ela me contou que um grupo de passageiros fez uma vaquinha e comemorou o aniversário do cobrador dentro do coletivo. Ela fez o bolo, compraram refrigerantes e cantaram "Parabéns": achei lindo o gesto. Alguns passageiros, em vez de participarem da festa, acharam a atitude ridícula, coisa de gente pobre. Esses passageiros, coitados, perderam momentos de felicidade e de encantamento.

Uma rotina pode passar de ruim a ótima com o uso de palavras que há muito tempo não são ditas: os homens têm dificuldade em dizer "Eu te amo". Acho que eles imaginam que o termo tem um longo prazo de validade: dizem uma vez e não precisam dizer mais. Só que não existe nada melhor do que ouvir dizer isso. O mesmo se pode dizer do chefe em relação aos seus subordinados, em termos de elogios e reconhecimento pela qualidade dos serviços que eles prestam.

As pessoas acham que a rotina é uma entidade que aparece para acabar com o seu trabalho e o seu casamento. A solução é estrear dentro da rotina e enxergar tudo como se fosse pela primeira vez. Um "Eu te amo" na cama não é o mesmo "Eu te amo" de quando um dos dois perde o emprego.

Aprenda com a rotina. Tudo em você é novidade, ou pode ser: pense nisso.

LENTIDÃO E SILÊNCIO

Adaptação livre de Lourival A. Cristofoletti, com base em texto de Luiz Gonzaga Alca de Santanna

Duas atitudes internas maravilhosas e indispensáveis, hoje proibidas às pessoas, e tão fundamentais como captação de sinais que nos direcionam são a lentidão e o silêncio. Saíram de moda, ou se tornaram luxos que quase ninguém mais se permite, nessa vida eletrizante e sufocadora em que vivemos.

Quem ousa contrariar esse celerado credo é rotulado, com desprezo: "Inapto, inepto, lerdo, em flagrante descompasso com o mundo". Não se trata, tampouco, de preguiça ou inércia, por favor, nessa lentidão, mas de um olhar mais calmo para o mundo, a fim de não perder os sinais, as mensagens, que o Imponderável e a Natureza nos passam a todo instante em seu mistério grandioso e esclarecedor.

É preciso desprendimento e muita sabedoria para estar atento à essa lentidão: desacelerar, romper a inércia para poder estar na calma lúcida da apreensão. Captar sinais na natureza, emanar positivas vibrações.

Mesmo no meio do trânsito, ainda que a agenda seja apertada, com toda a correria proposta ou exigida por essa sociedade utilitarista em que vivemos, há tempo para perceber as novidades da paisagem, para uma lentidão interna: perceber as chegadas e os ritos de passagem.

Saber se soltar para poder estabelecer uma convivência com um certo silêncio, tão precioso para o nosso envolvimento pessoal: nossa alma precisa de colo, nosso coração carece de repouso. Permitir-se, enveredar pelo silêncio: preciosa essa lentidão, virtude que nos alimenta, que nos conecta com nossas emoções e que nunca é pasmaceira.

Há quem jamais consiga ficar no silêncio por um único momento: mal chega em casa, quando está só, liga o rádio, a tevê, o som. O silêncio parece-lhe aterrador: propicia que se ouçam as vozes internas, e isto é tudo o que tanto teme.

É um bem precioso e tão absurdamente ignorado: "Quem não anda e não vive apressado, não está muito bem da cabeça".
Quando a China invadiu o Tibet, o Dalai Lama disse:
- ‘‘Vocês roubaram o que tínhamos de mais precioso: o nosso silêncio’’.

Quem sabe gradativamente não ocorre uma conspiração silenciosa que nos resgate e nos habilite a reconceituar o tempo e a reaprender a viver. Denis de Rougemont, num exercício de restauração, declarou:
‘‘O reaprendizado da lentidão, como é importante! O sonho é que, um dia, toda a humanidade descubra esse luxo inaudito: a lentidão no meio do silêncio’’.

Aí então, o recolhimento será virtude; o silêncio, uma preciosa moeda de troca.

LETRA, PAPEL, LÁPIS, CANETA

A escrita à mão costuma denunciar quem a escreve: ela é mais reveladora do seu jeito de ser do que você imagina. É parte relevante da imagem projetada pelo seu cartão de visitas diário para todos aqueles que entram em contato com algum manuscrito seu.

É comum as pessoas conjugarem várias das possibilidades relatadas abaixo: isso significa que ninguém é de um único jeito de ser, definido, absoluto. Cada um de nós reúne diferentes características, em termos de hábitos, e é isso que nos torna encantadores, singulares, únicos. Como conforto diante de alguma descoberta não muito agradável sobre o seu jeito de ser, revelada na sua letra: sempre você poderá modificar algo na conduta, que depõe contra si ou que não lhe agrada em jeito de ser.
Letra pequena: uma pessoa reservada, discreta, que não gosta de ser notada e nem de se fazer notar. Quer passar desapercebida: "O que será que vão pensar de mim?"; "Será que alguém notou a minha presença?". Na maioria das vezes, tímida. Em muitos casos, insegura.

Letra de forma: alguém que não quer ser igual a todo mundo. Tem seu estilo próprio. Gosta de ser diferente da maioria, além de deixar claro o que quer dizer. Pode também demonstrar que não gosta muito de escrever, ou que não escreve com muita freqüência.

Letra comprimida (uma muito junta da outra): sente-se oprimida, pressionada e está revelando o seu desconforto diante de tudo isso. Pode significar tensão. Pode, também, ser uma pessoa econômica (quanto menor o espaço ocupado, menor o consumo de linhas e de papel).

Letra grande: "Eu uso o espaço que eu quiser e que me der vontade: não parei ainda para pensar no espaço dos outros". Não usa muito o senso crítico, nem que aja assim por ingenuidade, por ausência de maldade. Não escreve com muita freqüência: quando o faz, precisa de mais tempo do que o normal para se expressar.

Letra rococó (trabalhada): Uma pessoa pura, conservadora, esteta. Tem a vaidade em alto conceito, gosta de se produzir e de ser vista. Adora receber elogios, adora criar e usar mecanismos para que esses elogios aconteçam. Demonstra preocupação com detalhes e com a sua imagem.

Letra garrancho (rústica): é uma pessoa simples, que não faz da escrita uma das suas atividades prediletas. Escreve só por obrigação e nem se sente muito à vontade quando o faz. Prefere cuidar mais da sua vida: não dá palpites e nem emite sua opinião para os outros. Entende que cada um deve cuidar de si e que Deus deve cuidar de todos.

Linha inclinada (para baixo ou para cima): é chegada a um devaneio, a uma abstração, a uma fuga da realidade. Gosta de ser orientada com clareza (precisa disso). Sonhadora, envolta em seus pensamentos, se esquece de prestar atenção nas coisas a seu redor.

Texto a lápis: não abre mão das "muletas" para escrever. Não adquire segurança na produção do texto porque sempre conta com o recurso de apagar ou consertar o que não está de acordo. Nada é definitivo: é uma maneira de não se comprometer. A mensagem que vai para o inconsciente é: "Não precisa elaborar já da primeira vez a versão final: sempre que necessitar, use a borracha". Esta característica do uso do lápis pode limitar, pode inibir o desenvolvimento do senso crítico, do senso lógico, da consolidação da opinião nos processos de decisão.

Pressiona forte a caneta: para ela, energia é fundamental. Não deve ser muito chegada a suavidades. Gosta das coisas muito claras e definidas. Sabe com nitidez o que quer. Pratica o "jogo limpo". Pode enveredar para a linha: "Sou curto e grosso".

Uso de folha pautada: gosta do certinho, do ortodoxo, do pré-definido, do seguro, como se dissesse: "Não dou conta de controlar sozinho o meu rumo". Precisa sempre de balizadores muito bem definidos na vida: "Se não for vigiado, eu saio da linha, eu perco limites".

Erros de português: não costuma fazer exercícios de autocrítica regularmente. Não tem hábitos muito freqüentes de leitura. Precisa ser informada que a melhor maneira de escrever bem (clareza, conteúdo, concisão, leveza, objetividade, coerência, lógica) se consegue lendo muito, muito mesmo (prestando atenção na grafia das palavras, recorrendo ao dicionário, aprendendo sobre como harmonizar o texto).

Um dos caminhos recomendados para que a mudança seja verdadeira seria primeiro você se conhecer melhor, mudar hábitos que lhe atrapalham de alguma forma, para que a alteração na grafia seja uma conseqüência da mudança de atitude na vida.

A propósito, como você se vê definido e representado, neste texto, através da sua letra e dos seus outros mecanismos / hábitos de escrita?

L.A.C.

quarta-feira, setembro 08, 2004

PROPÓSITO

Falar, sim, menos, tentando dizer mais, tendo cuidado com a prática do receituário: além da verdade estar em cada um, eu ainda pouco sei sobre a minha.

Procurar fazer mais, sempre, e de forma cada vez mais incisiva, contundente, visceral: se é para saltar, que seja de cabeça.

Saber ouvir e respeitar a opinião dos outros, mas não depender dela, nem depender da aprovação e do aplauso para se sentir justo e feliz.

Nunca desejar que a minha verdade seja única. Jamais imaginar que o meu conhecimento e a minha sabedoria sejam tais que dispensem discussões: nenhuma verdade pode ter a pretensão de ser plena.

Ver a divergência de opiniões como eterna oportunidade de crescimento.

Aprender tanto com o que deve ser evitado como com o que é digno de ser referencial.

Não basta ter o que falar e estar com a razão: é necessário pressentir se o teor da minha fala é adequado para aquele momento e para aquela platéia.

Prejulgar só o estritamente necessário, permitindo-me contínuas reformulações.

Aceitar o estágio atual de conscientização, de inteligência, de evolução e o grau de discernimento de cada um.

Evitar mobilizar energias negativas baratas: pequenas doses de raiva, de ódio, de ciúme.

Não sofrer por antecedência e não adiar nem estender o tempo da aflição.

Permitir-se errar: após a necessária reflexão sobre o erro, conceder-me o direito do perdão. Fazer do erro o aprendizado e da humildade a grande lição de sabedoria.

L.A.C.


domingo, setembro 05, 2004

O TECLADO DO COMPUTADOR

Adaptação livre de Lourival Antonio Cristofoletti em texto anônimo


Um amigo me mandou um e-mail, me dizendo: “Apxsar dx mxu txclado dx computador sxr antigo, funciona bxm, com xxcxção dx uma txcla, x acho que xstá tudo bxm assim”.

Transportei-me para a realidade dele e incorporei a limitação do teclado antigo, de agora em diante. Às vxzxs, mx parxcx qux mxu grupo x como o mxu txclado, qux nxm todos os mxmbros xstão dxsxmpxnhando suas funçõxs como dxviam, qux sxmprx txm participantx achando qux sua ausxncia não sxrá notada, qux xlx passa dxsapxrcxbido.

Vocx já dxvx txr pxnsado xm algumas situaçõxs: "Não irxi, ou não participarxi dxssa atividadx. Afinal, sou apxnas uma pxça sxm xxprxssão x, por isso, não farxi difxrxnça, nxm falta à comunidadx."

Xntrxtanto, para uma organização podxr progrxdir suficixntxmxntx, prxcisa da participação ativa dx todos os sxus intxgrantxs, apxsar dx suas impxrfxiçõxs, sxus mxdos. Txmos sxmprx algo a xnsinar aos dxmais.

Na próxima vxz qux vocx pxnsar qux não prxcisam dx vocx, lxmbrx-sx daquxlx vxlho txclado x diga a si mxsmo:
"Obrigado, Sxnhor: agora xu entendo qux sou pxça importantx no mxu grupo x os mxus amigos prxcisam – x muito - dx mxus sxrviços, dx minha xnxrgia!"


Você entendeu o que eu queria lhe dizer? Percebeu a sua imensa participação e a sua rica importância na vida daqueles que estão ao seu redor?

Percebeu que assim como tem pessoas que são importantes para nós, também, somos e seremos sempre muito importantes para alguém, para muitos?

Que somos referenciais para muitas pessoas que sequer as conhecemos? Que ao nos negarmos a participar, podemos estar sendo egoistas ao privar os outros da nossa companhia?

Lembre-se sempre de que, ao sermos abençoados para fazermos parte do Universo, passamos a ser uma peça que não pode faltar no maravilhoso quebra-cabeça da vida.