terça-feira, outubro 26, 2004

PONDERAÇÕES PARA UM NOVO GERENTE

Para você que, em breve assumirá um cargo gerencial, ou para quem pretende um dia seguir esse caminho, ou ainda para já atua nesse espaço, eis algumas ponderações que poderão ser objeto de reflexão, como forma de balizadores de conduta.

Como ponto de partida, procure ter uma boa gestão de você mesmo, das suas coisas, das suas prioridades, do seu tempo: tudo começa sempre na pessoa. Passe a limpo os seus pontos fortes, procurando definir estratégias para extrair o melhor proveito deles, sem se esquecer dos pontos a desenvolver, analisando quais deles precisam de uma atenção urgente, com destaque para os impactos diretos que terão de imediato na nova carreira.

Embora seja natural assumir diferentes papéis (de pai, de filho, de amigo, de chefe, de subordinado, etc), a sua formação como indivíduo (valores, ética, transparência, princípios) norteará toda a sua conduta profissional. Leve sempre em consideração que essas duas vertentes são indissolúveis.

Sempre nos amparamos em referências para construir a nossa identidade profissional: é comum admirarmos diversos gerentes com quem já trabalhamos, ou sobre quem lemos, com base na literatura disponível a respeito. Preste atenção em tudo, separe o que mais lhe interessa, mire-se nos bons exemplos e nos modelos vitoriosos, mas, acima de tudo, seja você mesmo, valorizando, no seu estilo de trabalho, as suas virtudes e os seus diferenciais competitivos, que, certamente, são muito significativos.

Não queira ser ou demonstrar ter aquilo que não combina com o seu jeito, a sua educação, a sua formação, a sua personalidade: não vai dar certo, com certeza.

Mostre-se receptivo e procure ser amigo de todos. Fuja, entretanto, do modelo paizão, aquele que é um grande protetor e um grande quebrador de galhos, que faz vista grossa para muitas falhas e omissões. Não se iluda com a possível popularidade que esse estilo aparentemente traz (tapinhas nas costas, elogios encomendados): esse tipo de profissional é extremamente conveniente para quem quer cumplicidades negativas, mas ele nunca será amado, nem mesmo admirado, ficando sempre para você a pecha da fraqueza e da incompetência.

Não se intimide de tomar medidas impopulares, sempre que se fizerem necessárias: dizem que a melhor maneira de causar uma irritação geral é tentar agradar a todos, pois acaba se tronando um consenso que os desiguais devem receber tratamentos diferenciados.

Uma regra interessante a ser seguida nas negociações é sempre construir uma saída honrosa para o vencido. Contente-se com a vitória: você não precisa aniquilar nem espezinhar aquele que levou a pior. Outra é fazer uso da empatia pragmática, ou seja, em vez de fazer para o outro o que gostaria que fizessem para você, faça para o outro aquilo que ele gostaria que fizessem para ele.

Você será muito mais respeitado e se sentirá mais acolhido no grupo na hora das críticas à conduta de cada um deles se tiver a generosidade, a grandeza e a competência de tecer elogios nos momentos quem que eles se mostrarem pertinentes.

Cuidado com o elogio público a alguém em especial: ao contentar um, você poderá estar descontentando muitos outros, que se julgarão merecedores de igual distinção. Quanto às críticas, é quase unanimidade que elas deverão ser feitas em separado, começando, também neste caso, pelos elogios, fazendo sanduíche de feedbacks: primeiro um aspecto positivo sobre a pessoa; depois um ponto a desenvolver; novamente uma virtude; e assim por diante).

Promova, de vez em quando, reuniões com pauta livre, sem nenhum assunto predeterminado: é uma ótima maneira de obter informações sobre como eles estão se sentindo, quais os assuntos e preocupações que mais estão lhes chamando a atenção, qual o grau de satisfação da equipe, além da possibilidade de você obter muitas dicas e sugestões.

Tendo em vista a riqueza do tema e a diversidade de reflexões pertinentes, comprometo-me a voltar a abordar este assunto em breve, num outro artigo.

L. A. C.