quarta-feira, setembro 22, 2004

MANIFESTO DO ÓBVIO ULULANTE

Encho-me de orgulho de quem um dia teve vontade de fazer um curso: colhe informações, escolhe aquele que é o melhor para o seu momento, inscreve-se no processo seletivo. Sendo aceito, se matricula e comparece em todos os dias letivos (faltas só mesmo no momentos imponderáveis).

Respeita os horários de início de atividade, de volta dos intervalos e de fim das aulas, não se esquecendo das leituras e pesquisas após cada aula. Executa com ardor todas as atividades solicitadas, colocando sua energia em tudo o que vê, faz, lê, ouve, observa, processa, compartilha. Ao executá-las o faz por inteiro: promove anotações, formula perguntas, estimula reflexões, consola, fornece respostas, questiona, ouve, fala, discorda, concorda.

Ilumina, ensina, aprende, acende a chama dos outros. Difunde informação, esclarece dúvidas, aceita o ombro e, assim, se torna diferente, um pouco melhor do que quando iniciou o novo desafio. Que se transporta para outras realidades, que constrói outras possibilidades, que aceita outras verdades. Cada momento é uma nova oportunidade de reflexão e de aprendizado, em que, dar o melhor de si, é o rico ponto de partida de tudo.

Não há como não me encher de orgulho daquele que foge do "mais ou menos" e se nega a se contentar com "metades": meia verdade, meia dúvida, meio sem graça, meio confuso, meia vontade, meia certeza. Como se fosse possível meia virgindade, meio amor, meia gravidez, meia lucidez, meio aprendizado.

Não há limites para descobertas, confirmações, discordâncias, questionamentos, certezas, nem para a vontade de correr dos chavões, das maldades, das omissões, das cumplicidades negativas, das solidariedades nocivas. Nada de fugas, de soberba, de arrogância, de cinismo, de prepotência.

Que cuida de si para evitar a autocondescendência excessiva e a autocrítica rigorosa. Que não se curva à contundência grosseira, ao sentido de inferioridade plena, à certeza da sapiência absoluta.

Que torna pleno o espaço do amor, da lucidez, da ética, da solidariedade. Que torna rica a gana de ser e de saber um pouco mais, de jogar fora o excesso, de reciclar o velho, de sonhar com o puro, de buscar o novo, de renascer a cada momento.

São sempre bem-vindos o teórico que permite o espaço da prática, o prático que não despreza a teoria, o experiente que sempre se redescobre como a primeira vez. O novato que discretamente transpira experiência, o questionador que aceita outras verdades diferentes da sua, o tímido que conquista os ambientes, o humilde que muito sabe e em tudo confia.

Você, que é um pouco assim como a pessoa descrita acima, é muito mais importante do que ousa imaginar. Obrigado por estar entre nós e por ser fonte de reflexão, de vontade e de ensinamento para aqueles que o cercam. Que continue neste propósito de perseverar na grandeza e na beleza de iluminar a todos.

L.A.C.

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