sexta-feira, setembro 17, 2004

LETRA, PAPEL, LÁPIS, CANETA

A escrita à mão costuma denunciar quem a escreve: ela é mais reveladora do seu jeito de ser do que você imagina. É parte relevante da imagem projetada pelo seu cartão de visitas diário para todos aqueles que entram em contato com algum manuscrito seu.

É comum as pessoas conjugarem várias das possibilidades relatadas abaixo: isso significa que ninguém é de um único jeito de ser, definido, absoluto. Cada um de nós reúne diferentes características, em termos de hábitos, e é isso que nos torna encantadores, singulares, únicos. Como conforto diante de alguma descoberta não muito agradável sobre o seu jeito de ser, revelada na sua letra: sempre você poderá modificar algo na conduta, que depõe contra si ou que não lhe agrada em jeito de ser.
Letra pequena: uma pessoa reservada, discreta, que não gosta de ser notada e nem de se fazer notar. Quer passar desapercebida: "O que será que vão pensar de mim?"; "Será que alguém notou a minha presença?". Na maioria das vezes, tímida. Em muitos casos, insegura.

Letra de forma: alguém que não quer ser igual a todo mundo. Tem seu estilo próprio. Gosta de ser diferente da maioria, além de deixar claro o que quer dizer. Pode também demonstrar que não gosta muito de escrever, ou que não escreve com muita freqüência.

Letra comprimida (uma muito junta da outra): sente-se oprimida, pressionada e está revelando o seu desconforto diante de tudo isso. Pode significar tensão. Pode, também, ser uma pessoa econômica (quanto menor o espaço ocupado, menor o consumo de linhas e de papel).

Letra grande: "Eu uso o espaço que eu quiser e que me der vontade: não parei ainda para pensar no espaço dos outros". Não usa muito o senso crítico, nem que aja assim por ingenuidade, por ausência de maldade. Não escreve com muita freqüência: quando o faz, precisa de mais tempo do que o normal para se expressar.

Letra rococó (trabalhada): Uma pessoa pura, conservadora, esteta. Tem a vaidade em alto conceito, gosta de se produzir e de ser vista. Adora receber elogios, adora criar e usar mecanismos para que esses elogios aconteçam. Demonstra preocupação com detalhes e com a sua imagem.

Letra garrancho (rústica): é uma pessoa simples, que não faz da escrita uma das suas atividades prediletas. Escreve só por obrigação e nem se sente muito à vontade quando o faz. Prefere cuidar mais da sua vida: não dá palpites e nem emite sua opinião para os outros. Entende que cada um deve cuidar de si e que Deus deve cuidar de todos.

Linha inclinada (para baixo ou para cima): é chegada a um devaneio, a uma abstração, a uma fuga da realidade. Gosta de ser orientada com clareza (precisa disso). Sonhadora, envolta em seus pensamentos, se esquece de prestar atenção nas coisas a seu redor.

Texto a lápis: não abre mão das "muletas" para escrever. Não adquire segurança na produção do texto porque sempre conta com o recurso de apagar ou consertar o que não está de acordo. Nada é definitivo: é uma maneira de não se comprometer. A mensagem que vai para o inconsciente é: "Não precisa elaborar já da primeira vez a versão final: sempre que necessitar, use a borracha". Esta característica do uso do lápis pode limitar, pode inibir o desenvolvimento do senso crítico, do senso lógico, da consolidação da opinião nos processos de decisão.

Pressiona forte a caneta: para ela, energia é fundamental. Não deve ser muito chegada a suavidades. Gosta das coisas muito claras e definidas. Sabe com nitidez o que quer. Pratica o "jogo limpo". Pode enveredar para a linha: "Sou curto e grosso".

Uso de folha pautada: gosta do certinho, do ortodoxo, do pré-definido, do seguro, como se dissesse: "Não dou conta de controlar sozinho o meu rumo". Precisa sempre de balizadores muito bem definidos na vida: "Se não for vigiado, eu saio da linha, eu perco limites".

Erros de português: não costuma fazer exercícios de autocrítica regularmente. Não tem hábitos muito freqüentes de leitura. Precisa ser informada que a melhor maneira de escrever bem (clareza, conteúdo, concisão, leveza, objetividade, coerência, lógica) se consegue lendo muito, muito mesmo (prestando atenção na grafia das palavras, recorrendo ao dicionário, aprendendo sobre como harmonizar o texto).

Um dos caminhos recomendados para que a mudança seja verdadeira seria primeiro você se conhecer melhor, mudar hábitos que lhe atrapalham de alguma forma, para que a alteração na grafia seja uma conseqüência da mudança de atitude na vida.

A propósito, como você se vê definido e representado, neste texto, através da sua letra e dos seus outros mecanismos / hábitos de escrita?

L.A.C.

3 comentários:

Anônimo disse...

Querido amigo e professor, parabéns por inserir mais esse texto! Se puder, coloque aqui aquele do silêncio! Muito Bom!!!
E mais, divulgue o seu blogger, ele é digno de visitação.

Anônimo disse...

Até a primeira vez que tive o prazer de me deparar com este texto (lido em sala de aula), não imaginava o quanto a escrita ou os recursos que utilizamos para escrever podem refletir tanto em nossa personalidade.
Gostaria de deixar aqui o meu comentario dizendo que todos aqueles que tem o prazer de ler ou de ouvir essas mensagens que nos agregam tanto, deveriam aproveitar e fazer valer cada instante. Pois servem de estimulo, servem para nossa análise, nosso crescimento, dentre varias outras coisas.

Igor F. Vieira

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o senhor, a forma que escrevemos revela quem somos, e alguns estudiosos chegam mesmo a afirmar que revelam o nosso verdadeiro caráter.
As palavras que usamos são por demais importantes, pois dependendo delas poder-se-há fazer uma imagem negativa a nosso respeito que não condiz aquilo que somos.
Através das palavras escritas ou faladas, podemos lançar bençãos ou maldições, fazer lindas e aprazíveis poesias, ou contar indecorosas piadas.
Precisamos ler mais, pois a leitura nos ajuda a descortinar horizontes, e podemos através dela ir a lugares inimagináveis aprendendo coisas maravilhosas e transmiti-las para os outros, escrevendo, falando ou cantando.

Boechat